segunda-feira, 30 de julho de 2007

PEQUENA HISTÓRIA PROVAVELMENTE IRRELEVANTE

Na exposição com que a Gulbenkian faz o balanço do seu cinquentenário - 50 Anos de Arte Portuguesa, até Setembro, no museu - há pequenas pérolas que valem bem uma visita atenta. É uma reunião de alguns trabalhos dos bolseiros da fundação, com as obras resultantes das bolsas atribuídas e muito material de documentação: os formulários de inscrição, as fotografias, os relatórios através dos quais os bolseiros iam dando conta do que andavam a fazer pelas ruas de Paris ou Londres. Vale mesmo a pena lê-los com atenção (não perder o de Mário Cesariny, por favor). Tivemos a sorte de ter uma fundação que concedia bolsas a artistas que andavam pela Europa e «apenas» viam exposições, assistiam a conferências, frequentavam cursos, faziam leituras e reflectiam sobre tudo aquilo que viam e/ou liam. Tivemos a sorte de ter uma fundação que se satisfazia com formulários aparentemente vagos e relatórios aparentemente desprovidos de conteúdo. Tivemos a sorte de ter uma fundação que concedia bolsas a artistas, esperando que um dia estes pudessem vir a criar uma obra-prima. Em suma, tivemos a sorte de ter uma fundação que não sofria de uma certa esquizofrenia reguladora a qual - fazendo parte da tradição europeia - parece que se revela mais nuns países do que noutros. Resta acrescentar que aqueles bolseiros até criaram bastantes obras-primas…

SBL

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